sexta-feira, 26 de março de 2010


FLORIANÓPOLIS
História & Cultura

Antes do povoamento, pela Ilha de Santa Catarina passaram muitos navegadores para refrescar-se, retirando-se após o desejado descanso. Em 1536 passou pelo local Ruy Coschera, castelhano, procurando nele estabelecer-se. Gonçalo Mendoza, sobrinho de Dom Pedro de Mendoza, fundador de Buenos Aires, por ordem deste chegou à Ilha a fim de abastecer-se de comestíveis. Já então aí existiam plantações.

Álvar Núñez Cabeza de Vaca chegou à ilha em 2 de novembro de 1540, com uma expedição de 400 homens e 46 cavalos, destinada a socorrer os espanhóis de Assunção. No ano seguinte, Cabeza de Vaca toma o rumo do Paraguai, por terra, conduzindo pelo sertão o seu pequeno exército.

■ Século XVII
O povoamento da Ilha de Santa Catarina teve início entre 1651 e 1673 por iniciativa do bandeirante vicentista Francisco Dias Velho, que já havia acompanhado seu pai nas expedições que este fez ao sertão dos gentios dos Patos. Dias Velho enviou seu filho, José Pires Monteiro, com mais de 100 homens trazidos de São Paulo para estabelecer um empreendimento agrícola. Dias Velho, por sua vez, chegou em 1675, para reforçar a iniciativa. Esse pode ser considerado o período do início da póvoa de Nossa Senhora do Desterro. Mas há documentos e fatos que demonstram ter sido em 18 de abril de 1662 a data em que o fundador partiu de São Paulo.

Entre 1675 e 1678, edificou uma capela no mesmo local onde hoje se ergue a Catedral de Florianópolis. Em 1679 deixou a Ilha, e tudo expôs em requerimento que, então, da vila de Santos, dirigiu ao governador da Capitania.

Os Primeiros Habitantes
Primeiramente, a Ilha de Santa Catarina foi habitada pelo homem do sambaqui. Constituídos de caçadores e coletores, os grupos alimentavam-se basicamente de moluscos, empilhando os restos. Esses montes de lixo calcificados são chamados de sambaqui e constituem a mais importante fonte de informações sobre a população pré-indígena.

Em seguida vieram os tupi-guaranis. Divididos em várias tribos e aldeias, ocuparam a maior parte da área litorânea e foram chamados de Carijós pelos europeus que aqui chegaram. Tudo indica que estes índios tenham vindo da região que hoje é o Paraguai.

Eles já conheciam a agricultura, eram sedentários e tinham na pesca a atividade básica para sua subsistência. Recebem os brancos como grande cordialidade e curiosidade, não manifestando qualquer hostilidade. Por isso, é que mais tarde são aprisionados pelos portugueses e vendidos como escravos nos mercados de São Vicente e Bahia de Todos os Santos.

Nomes de algumas regiões florianopolitanas como Pirajubaé, Itaguaçu, Anhatomirim, são uns dos referenciais históricos deixados por eles. Meiembipe, ou "lugar acima do rio" e Yurerê-Mirim, ou "bem pequena", eram denominações que os Carijós usavam para chamar sua terra.

O gradual extermínio destas tribos indígenas no litoral catarinense começa a acontecer no final do século XVII, devendo-se à escravidão e à fraca resistência às doenças trazidas pelos europeus, tais como gripe, sarampo, varíola, tuberculose, etc. Apesar dos esforços do missionários jesuítas espanhóis e portugueses para salvá-los, aos Carijós restou o último papel: serem escravos dos europeus nos engenhos que aqui começavam a ser instalados.

■ Século XVIII
A Fundação do Povoado
Os primeiros colonizadores a se instalarem em Florianópolis foram desertores de algumas expedições marítimas. Entretanto, a fundação da cidade propriamente dita só foi ocorrer a partir de 1675. Foi neste ano que chegou à ilha o bandeirante Francisco Dias Velho, que além de impulsionar o surgimento da cidade, acabou tendo um fim trágico, digno de um filme de aventuras. Com Dias Velho vieram sua esposa, três filhas, dois filhos, outra família agregada, dois padres da Companhia de Jesus e mais 500 índios domesticados.

O bandeirante natural de Santos (SP) é descrito por algum historiadores como um impiedoso caçador de índios, mas o traço mais palpável de sua personalidade era a coragem de desbravador em uma terra cobiçada por piratas de várias nacionalidades. O fundador já trazia informações sobre a existência de um pequeno comércio realizado no local onde seria instalada a cidade e sobre o espírito pacífico dos indígenas. O primeiro passo foi a constrição de uma pequena igreja onde hoje está a Catedral de Florianópolis, contando com a proteção de Santa Catarina. Em seguida foi escolhida a melhor região para a vila, começando a construção de casas e iniciando-se o plantio de novas culturas.

Dias Velho pereceu, lamentavelmente, nas mãos dos piratas, e a povoação que fundou decaiu e quase desapareceu, a ponto de, em 1712, Amédée François Frézier, navegador francês que aqui aportou, encontrar apenas 15 sítios com o total de 147 brancos.

Em 1739, precisamente em 7 de março, aportou na ilha de Santa Catarina o brigadeiro José da Silva Pais, nomeado primeiro governador da Capitania de Santa Catarina. Trazia a missão de construir fortificações que dessem ao porto uma base segura, para defesa da costa ao Sul e ao Norte e, ao mesmo tempo, presidir a colonização sistemática da região. Com essa finalidade, o governo português determinou, por meio de editais, aliciar colonos nas ilhas dos Açores, Madeira e outras, transportando-os para Santa Catarina.

A Provisão Régia de 9 de agosto de 1747 providenciou as medidas necessárias para essa colonização.

Mais de setenta anos após a chegada de Dias Velho, em março de 1748, estabeleceu-se a primeira colônia de portugueses açorianos às margens da Lagoa da Conceição, no interior da Ilha de Santa Catarina. Pouco depois, a segunda colônia estabeleceu-se em Santo Antônio de Lisboa. Outras colônias estabaleceram-se no continente: em São Miguel, São José de Terra Firme, Enseada de Brito (que, segundo as crônicas, deve seu nome ao fundador de Laguna, o bandeirante vicentista Domingos de Brito Peixoto) e em Vila Nova, próximo de onde hoje se encontra Imbituba.

O povoado bandeirante fundado por Dias Velho tornou-se município em 23 de março de 1726. Nessa ocasião, a capitania de Santa Catarina já existia desde 11 de agosto de 1738. Nesse tempo, já eram municípios também São Francisco do Sul (desde 1660) e Laguna (desde 1714, embora instalado apenas em 1720).

Em 11 de agosto de 1738 foi criado o primeiro governo regional do Sul do Brasil, em Santa Catarina.

■ A Caça às baleias
As baleias eram visitantes constantes do litoral da Ilha e na segunda metade do século XVIII a Coroa Portuguesa autorizou sua caça. Entretanto a caça à baleia não representou um incremento ao comércio da região, já que a maioria do produto era enviado à Portugal. O impulso mais significativo ao Porto de Desterro com a caça à baleia foi a necessidade de abastecimento com água e alimentos a muitos baleeiros norte-americanos que também aproveitaram para contrabandear escravos. Não demorou muito para que a atividade predatória entrasse em declínio. O primeiro motivo foi a fuga das baleias para o extremo sul e mais tarde a substituição do óleo animal por querosene, a partir do carvão de pedra, e depois por petróleo, como fonte de iluminação. O poder dos militares na região começa a diminuir no início do século XIX e passam a prosperar os comerciantes, na maioria donos de embarcações para comércio entre o litoral catarinense.

■ Século XIX
Nos séculos XVII e XIX pela ilha passaram vários navegantes, que deixaram registradas suas impressões sobre o local . Em Florianópolis a arquitetura das casas da época da colonização era portuguesa. Ainda hoje, em bairros como Ribeirão da Ilha e Santo Antônio de Lisboa, além de toda a área do centro, a arquitetura da colonização açoriana são preservadas nas casas à beira da calçada, nas igrejas, nos museus, nas ruelas estreitas e no jeito de ser e de viver da gente que habita a cidade.

■ Fortalezas: a história viva
Construídas pelos portugueses quando o Sul do Brasil era disputado por Portugal e Espanha, as fortalezas da Ilha de Santa Catarina compuseram um sistema defensivo para impedir a invasão espanhola nas então desconhecidas terras do Sul. A partir de 1739, o engenheiro militar Silva Paes, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina, cumprindo uma decisão real, iniciou a construção da Fortaleza de Santa Cruz, em uma pequena ilha na entrada da baía norte, chamada Anhatomirim.

Após um ano, como a Ilha de Santa Catarina era ponto estratégico para portugueses e espanhóis, teve início a construção de mais duas fortificações, a Fortaleza de Santo Antônio, em outra pequena ilha na entrada da baía norte chamada Raton Grande, e a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, próxima à praia de Jurerê. Deste modo, constituiu-se um triângulo fortificado à barra norte da Ilha de Santa Catarina.

Hoje, as fortalezas de Anhatomirim, São José da Ponta Grossa e Ratones estão abertas à visitação do público e são um dos roteiros turísticos mais interessantes de Florianópolis. Na avenida Beiramar, há escunas e barcos que realizam saídas de passeio todos os dias.

Crédito: Divulgação / Ministério do Turismo

Nenhum comentário: