domingo, 5 de setembro de 2010

Santa Maria Madalena_RJ



SANTA MARIA MADALENA
Historia & Cultura

Em 1835, quando a Vila Real da Praia Grande, torna-se a cidade de Niterói, aparecem as primeiras notícias de vasta porção de terras existentes nas cabeceiras do Córrego São Domingos, vertente do Santíssimo e pertencentes a Cantagalo, era Santa Maria Madalena.

Estas terras foram descobertas em 1840, anexadas a São Francisco de Paula, portando as honras de curato. Desbravadas nesse mesmo ano, pelo português Manoel Teixeira Portugal, que chegou até ao vale onde se situa hoje, a nossa Igreja Matriz deixando-nas, um pouco depois, para buscar serões mais densos e fugindo dos pântanos cheios de barro branco dos seus arredores, devido ao qual, os viajantes que passavam em busca da estrada de Cantagalo – Macaé, apelidaram o sítio de Tabatinga, na ordem cronológica, a primeira denominação do Arraial do Santíssimo, atualmente nossa cidade de Santa Maria Madalena.

Era ainda Tabatinga, sertão bravo, quando o velho mateiro José Vicente, perseguindo escravos foragidos do sítio, se apossou, armando um rancho, no mesmo local onde já estivera o português Manoel Teixeira Portugal.

A lenda comumente confunde-se com a história. E a história de Santa Maria Madalena começa justamente, quando José Vicente troca a sua posse das terras com o velho padre aposentado, Francisco Xavier Frouthé, por uma magnífica espingarda de fabricação Suíça.

O fato tem toda aparência de lenda, do qual temos somente notícia boca a boca. Todavia, existe a escritura lavrada em notas do escrivão de paz Antonio Leocclat, da freguesia de São Francisco de Paula, 3º distrito de Cantagalo, em 20 de abril de 1850, que vem abonar, em parte a afirmativa tradicional.

Por este título, atribuindo-se à transação o valor de 200 mil réis, o Padre Frouthé foi declarado senhor e possuidor de umas terras no Arraial do Santíssimo e fez doação de parte delas, por livre e espontânea vontade à Santa Maria Madalena.

Construída a capela, um ano e seis meses mais tarde, a 15 de setembro de 1851, por influência do próprio doador das terras, o Arraial do Santíssimo passava a curato e a chamar-se, oficialmente Santa Maria Madalena.

Em maio de 1852, criava o governo da província do novo curato, um Distrito de Paz e a 29 de setembro do mesmo ano, uma sub-delegacia de Polícia, característica de seu progresso.

Em 1855, com novo passo na senda do progresso, Santa Maria Madalena obteve categoria igual a São Francisco de Paula, eleva-se a freguesia por força do Decreto 802, de 28 de setembro de 1855. E de tal maneira se desenvolve e tais são as influências poderosas que animam e bafejam para fazê-la autônoma, que na Assembléia Provincial, uma voz alta e possante se ergue a pleitear-lhe os desígnios. Essa voz é a do Coronel Braz Fernandes Carneiro Viana, cunhado do Duque de Caxias e contra parente do Presidente da Província desembargador Luiz Alves de Leite de Oliveira Belo. Ao coronel Braz, Santa Maria Madalena deveu a elevação à categoria município e ao desembargador a assinatura do Decreto que a emancipou de Cantagalo.

O Coronel Braz Viana, antes de ver coroada de êxito a sua inspiração, passou angustiosos momentos. Conta-se que defendia a causa de um voto que lhe fora prometido por um padre deputado, José Esperidião de Santa Rita, que depois na hora de votar, arrependido ou ameaçado deixou o recinto das sessões trancando-se no banheiro. Diz a tradição, dada a têmpera inquebrável dos barões daquela época, que com muita raiva, Braz Viana, o foi tirar dali, metendo os ombros vigorosos à porta e trazendo-o pela gola à sala, onde teve de cumprir a promessa.

Poucos madalenenses sabem dessa proeza. Aliás as nossa duas praças são dedicadas aos dois personagens que iniciaram a nossa história. Na praça Frouthé está a imponente Igreja Matriz, sucesso da capela dedicada à Santa de devoção do padre Francisco Xavier Frouthé, e na praça Coronel Braz estão a Prefeitura Municipal e a Câmara Legislativa. Se a devoção tem sede na praça do padre, na praça do grande Coronel, o poder legado do povo, se encontra, como uma homenagem póstuma ao primeiro que levantou a voz em prol de nosso município.

Se os acontecimentos desenrolaram-se dessa maneira não o sabemos, no entanto, o fato positivo é que, em 24 de outubro de 1861, pelo Decreto 1208, Santa Maria Madalena, desmembrada de Cantagalo e tendo a si anexada as freguesias de São Francisco de Paula e São Sebastião do Alto, eleva-se a categoria de vila.

Instalou-se o novo município em 08 de junho de 1862, quando nos termos do artigo 2º do próprio decreto de criação, os seus moradores mobiliaram, à suas custas, uma casa para as sessões de júri, a Câmara Municipal e das audiências de autoridades.

Instalado o município era necessário formar-se o patrimônio municipal, e os primeiros vereadores quiseram para tanto, apoderar-se dos terrenos doados à Santa Maria Madalena em 1850 pelo padre Frouthé, a pretexto de nulidade daquela escritura em notas do escrivão de paz Antonio Leocclat. Processou-se grande e longa questão na qual interferiu o próprio Ministro da Justiça, Marques de Abrantes, dizendo em 20 de julho de 1863, o presidente da Província Policarpo Lopes de Leão, que nenhum direito assistia à Matriz aquelas terras, pelo motivo de não ter pedido dispensa da lei de amortização todavia não era a Câmara que lhe competia, suceder, mais sim a Fazenda Nacional. Entretanto não sendo justo deixar-se de povoar a vila e tento isso em apreço, mandava o Ministro, demarcar os terrenos da Santa, dividi-los em lotes e aforá-los aos moradores que requeressem em primeiro lugar.

Essa decisão foi muito proveitosa ao Município, redundando num incremento de sua povoação e de sua lavoura, onde o café, cultivado com o esforço do elemento negro escravizado, começou a destacar-se no balanço econômico da comunidade.

Desde essa época a região progrediu rapidamente, até que em 1888, com a promulgação da Lei Áurea, sofreu uma interrupção em sua marcha ascensional, com o advento da Abolição, que trouxe como conseqüência imediata.

O êxodo de grande massa de trabalhadores rurais, muitas de suas terras cobertas de culturas valiosas, foram abandonadas, baixando assim o teor de produtividade do Município.

Quando em 28 de julho de 1890, já no período republicano, portanto a vila de Santa Maria Madalena recebeu foros de cidade, notava por parte de seus habitantes, uma adaptação bem acentuada as novas condições sociais e econômicas, conseqüentes da promulgação da lei Abolicionista e muitos dos seus campos já começavam a ser aproveitados na exploração pastoril, enquanto as fazendas de café, o braço escravo começava a ser substituído pelo colono assalariado.

Graças a esse rápido poder de adaptação é que, atualmente, o Município já se destacou, novamente, no conjunto das colunas fluminenses, sendo a sua sede um centro comercial relativamente adiantado.

Não obstante constituir o café a principal atividade agrícola de Santa Maria Madalena, observa-se nessa localidade, a existência de outras lavouras importantes, estando em fase intensa prosperidade e exploração de sua indústria pastoril.
Fonte: Pref. Mun. de Santa Maria Madalena

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